A reação à desocupação do movimento Ocupa Cabral, que
estava na rua do governador Sérgio Cabral desde o dia 21 de junho, foi
rápida nas redes sociais. Um evento no Facebook pede 10 mil pessoas no
local nesta quinta-feira, às 18h.
No texto do evento, os criadores fazem o apelo: "ele
tira a ocupação? A gente vai pra lá com barraca, guardanapo, arte,
música e tudo que tiver direito! Fora Cabral! Pelo impeachment do
governador e em repúdio à BRUTALIDADE (Sic) policial! Todas as tribos,
todos os coletivos, todos os grupos, todos os artistas, todos os
cidadãos do Estado estão convidados para este evento!”. Até meio-dia,
874 pessoas haviam confirmado presença.
Retirados durante a madrugada
Os manifestantes do movimento Ocupa Delfim Moreira, que protestavam em frente à casa do governador Sérgio Cabral desde o dia 21 de junho, foram retirados do local na madrugada desta terça-feira. Eram 15 manifestantes no local no momento da desocupação, abrigados em dez barracas.
Os manifestantes do movimento Ocupa Delfim Moreira, que protestavam em frente à casa do governador Sérgio Cabral desde o dia 21 de junho, foram retirados do local na madrugada desta terça-feira. Eram 15 manifestantes no local no momento da desocupação, abrigados em dez barracas.
Jair Seixas, um dos líderes do movimento, foi autuado em
flagrante no artigo 163 por dano ao patrimônio público por quebrar o
vidro de uma viatura. Por volta das 7h desta quinta-feira, no entanto,
foi paga a fiança de R$ 800, e Seixas foi liberado.
O grupo chegou a reunir 4 mil pessoas em frente à rua do
governador no domingo, dia 23. Os manifestantes, até segunda-feira,
diziam que não iriam sair enquanto não tivessem uma conversa com o
governador.
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Após uma reunião de Cabral com manifestantes de outro grupo, dissidente ao Ocupa Delfim Moreira e chamado "Somos o Brasil", havia a expectativa de quando a polícia iria retirar os manifestantes do local.
Após uma reunião de Cabral com manifestantes de outro grupo, dissidente ao Ocupa Delfim Moreira e chamado "Somos o Brasil", havia a expectativa de quando a polícia iria retirar os manifestantes do local.
Segundo informações do grupo Anonymous Rio e depoimentos
em redes sociais, os manifestantes tiveram barracas quebradas,
pertences jogados na rua e foram depois socorridos por alguns poucos
moradores e pelo corpo de bombeiros. A advogada Priscila Pedrosa esteve
no local, representando a OAB, para prestar apoio jurídico.
Pressão por negociação
Segundo Bruno Cintra, um dos líderes do movimento, o secretário de Direitos Humanos do Estado, Zaqueu Teixeira, se encontrou com eles às 23h desta segunda para pressioná-los a se encontrar logo com o governador Sérgio Cabral.
Segundo Bruno Cintra, um dos líderes do movimento, o secretário de Direitos Humanos do Estado, Zaqueu Teixeira, se encontrou com eles às 23h desta segunda para pressioná-los a se encontrar logo com o governador Sérgio Cabral.
"Ele primeiro pressionava e depois se acalmava um pouco.
A gente decidiu que, primeiro, iria fechar a nossa pauta para uma
conversa com o governador. Por volta das 2h, porém, veio uma batida de
40 policiais, quebrando todas as barracas e destruindo tudo", conta
Bruno, que faz acusações graves. "Policiais chegaram a chutar uma
barraca com uma criança de colo dentro. E em nenhum momento disseram o
motivo daquela coisa toda. Simplesmente agiram", conta Cintra, que ainda
questionou a legalidade da desocupação.
"Qualquer um sabe que uma desocupação precisa ter uma
equipe médica de prontidão e não havia nada disso. Fomos socorridos
depois, pelos bombeiros, e por alguns moradores", disse.
Bruno ainda contou um fato curioso: segundo ele, um
policial teria assumido a ocorrência e levado Bruno juntamente com Jair
Seixas no carro da polícia. "No rosto dele, havia todo o
constrangimento, de quem sabia que aquela operação estava errada. E foi
assim durante toda a viagem até a 14ª DP", finalizou ele. De acordo com
Luiza Dreyer, outra das manifestantes, os policiais chegaram destruindo
as barracas e pegando os livros que estavam dentro delas. "Eles diziam
que era de cunho político. Alguns livros com figuras de Picasso foram
rasgados", lamentou.
A 14ª DP se limitou a dizer que apreendeu materiais,
embora não tenha informado que materiais seriam esses, embora, a
princípio, nada fosse ilícito. O delegado da 14ª, Rodolpho Valdeck,
declarou que não irá se pronunciar sobre a ação policial.
O advogado Raul Lins e Silva, membro da Comissão de
Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, disse que não possui
elementos para indicar se houve abuso por parte da polícia. Silva
afirma, no entanto, que faltou "maleabilidade" ao governo do Estado.
"Essa saída poderia ser negociada de forma mais
pacífica. Recebi uma ligação por volta das 3h de um homem, que disse que
sua esposa havia sofrido um pico de pressão quando a polícia chegou e
havia sido levada para o hospital. Não havia nem montagem para apoio
médico para a desocupação", criticou.
Segundo Silva, os depoimentos que ouviu dos
manifestantes indicam que Zaqueu queria a pauta de intenções para o
encontro com o governador no fim desta semana ainda na segunda-feira.
"Os manifestantes, no entanto, disseram que iriam decidir essa questão
coletivamente. Mas comemoraram a chance de ter um encontro com o
governador. E, no entanto, às 3h, aconteceu tudo o que aconteceu",
contou o advogado.
A secretaria de Direitos Humanos, em nota, declarou que
"o Secretario de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu
Teixeira, esteve nesta segunda-feira, mais uma vez, com os
manifestantes acampados na rua Aristides Espínola, esquina com Av.
Delfim Moreira, no Leblon, para ratificar a disposição do Governo em
receber as reivindicações do grupo que continuava no local”
Até o inicio da noite, o secretário ainda não havia
recebido retorno dos manifestantes acampados quanto à data de uma
reunião oferecida pelo Estado entre o grupo e o Governador Sergio
Cabral.
Terra
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