terça-feira, 2 de julho de 2013

RJ: manifestantes convocam 10 mil para ocupar rua onde mora Sérgio Cabral


A página do Anonymous Rio convocava manifestantes para um protesto na rua do governador Sérgio Cabral Foto: Facebook / Reprodução
A página do Anonymous Rio convocava manifestantes para um protesto na rua do governador Sérgio Cabral
Foto: Facebook / Reprodução




A reação à desocupação do movimento Ocupa Cabral, que estava na rua do governador Sérgio Cabral desde o dia 21 de junho, foi rápida nas redes sociais. Um evento no Facebook pede 10 mil pessoas no local nesta quinta-feira, às 18h.



No texto do evento, os criadores fazem o apelo: "ele tira a ocupação? A gente vai pra lá com barraca, guardanapo, arte, música e tudo que tiver direito! Fora Cabral! Pelo impeachment do governador e em repúdio à BRUTALIDADE (Sic) policial! Todas as tribos, todos os coletivos, todos os grupos, todos os artistas, todos os cidadãos do Estado estão convidados para este evento!”. Até meio-dia, 874 pessoas haviam confirmado presença.

Retirados durante a madrugada
Os manifestantes do movimento Ocupa Delfim Moreira, que protestavam em frente à casa do governador Sérgio Cabral desde o dia 21 de junho, foram retirados do local na madrugada desta terça-feira. Eram 15 manifestantes no local no momento da desocupação, abrigados em dez barracas.

Jair Seixas, um dos líderes do movimento, foi autuado em flagrante no artigo 163 por dano ao patrimônio público por quebrar o vidro de uma viatura. Por volta das 7h desta quinta-feira, no entanto, foi paga a fiança de R$ 800, e Seixas foi liberado.

O grupo chegou a reunir 4 mil pessoas em frente à rua do governador no domingo, dia 23. Os manifestantes, até segunda-feira, diziam que não iriam sair enquanto não tivessem uma conversa com o governador.


Mapa do protestos das tarifas



Ranking das tarifas de ônibus no País

Após uma reunião de Cabral com manifestantes de outro grupo, dissidente ao Ocupa Delfim Moreira e chamado "Somos o Brasil", havia a expectativa de quando a polícia iria retirar os manifestantes do local.

Segundo informações do grupo Anonymous Rio e depoimentos em redes sociais, os manifestantes tiveram barracas quebradas, pertences jogados na rua e foram depois socorridos por alguns poucos moradores e pelo corpo de bombeiros. A advogada Priscila Pedrosa esteve no local, representando a OAB, para prestar apoio jurídico.



Pressão por negociação
Segundo Bruno Cintra, um dos líderes do movimento, o secretário de Direitos Humanos do Estado, Zaqueu Teixeira, se encontrou com eles às 23h desta segunda para pressioná-los a se encontrar logo com o governador Sérgio Cabral.

"Ele primeiro pressionava e depois se acalmava um pouco. A gente decidiu que, primeiro, iria fechar a nossa pauta para uma conversa com o governador. Por volta das 2h, porém, veio uma batida de 40 policiais, quebrando todas as barracas e destruindo tudo", conta Bruno, que faz acusações graves. "Policiais chegaram a chutar uma barraca com uma criança de colo dentro. E em nenhum momento disseram o motivo daquela coisa toda. Simplesmente agiram", conta Cintra, que ainda questionou a legalidade da desocupação.

"Qualquer um sabe que uma desocupação precisa ter uma equipe médica de prontidão e não havia nada disso. Fomos socorridos depois, pelos bombeiros, e por alguns moradores", disse.

Bruno ainda contou um fato curioso: segundo ele, um policial teria assumido a ocorrência e levado Bruno juntamente com Jair Seixas no carro da polícia. "No rosto dele, havia todo o constrangimento, de quem sabia que aquela operação estava errada. E foi assim durante toda a viagem até a 14ª DP", finalizou ele. De acordo com Luiza Dreyer, outra das manifestantes, os policiais chegaram destruindo as barracas e pegando os livros que estavam dentro delas. "Eles diziam que era de cunho político. Alguns livros com figuras de Picasso foram rasgados", lamentou.

A 14ª DP se limitou a dizer que apreendeu materiais, embora não tenha informado que materiais seriam esses, embora, a princípio, nada fosse ilícito. O delegado da 14ª, Rodolpho Valdeck, declarou que não irá se pronunciar sobre a ação policial.

O advogado Raul Lins e Silva, membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, disse que não possui elementos para indicar se houve abuso por parte da polícia. Silva afirma, no entanto, que faltou "maleabilidade" ao governo do Estado.

"Essa saída poderia ser negociada de forma mais pacífica. Recebi uma ligação por volta das 3h de um homem, que disse que sua esposa havia sofrido um pico de pressão quando a polícia chegou e havia sido levada para o hospital. Não havia nem montagem para apoio médico para a desocupação", criticou.

Segundo Silva, os depoimentos que ouviu dos manifestantes indicam que Zaqueu queria a pauta de intenções para o encontro com o governador no fim desta semana ainda na segunda-feira. "Os manifestantes, no entanto, disseram que iriam decidir essa questão coletivamente. Mas comemoraram a chance de ter um encontro com o governador. E, no entanto, às 3h, aconteceu tudo o que aconteceu", contou o advogado.

A secretaria de Direitos Humanos, em nota, declarou que "o Secretario de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, esteve nesta segunda-feira, mais uma vez, com os manifestantes acampados na rua Aristides Espínola, esquina com Av. Delfim Moreira, no Leblon, para ratificar a disposição do Governo em receber as reivindicações do grupo que continuava no local”

Até o inicio da noite, o secretário ainda não havia recebido retorno dos manifestantes acampados quanto à data de uma reunião oferecida pelo Estado entre o grupo e o Governador Sergio Cabral.

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