quinta-feira, 11 de julho de 2013

Novo álbum do Stereophonics tem ‘tragédia romântica’, diz vocalista

Cantor Kelly Jones fala ao G1 sobre disco ‘Graffiti on the train’.
Tema foi inspirado por ‘pichadores’ que subiram no telhado do músico.

 

A banda galesa Stereophonics (a partir da esquerda): Adam Zindani (guitarra), Kelly Jones (voz e guitarra), Jamie Morrison (bateria) e Richard Jones (baixo) (Foto: Divulgação) 

A banda galesa Stereophonics (a partir da esquerda): Adam Zindani (guitarra), Kelly Jones (voz e guitarra), Jamie Morrison (bateria) e Richard Jones (baixo) (Foto: Divulgação)

Kelly Jones, líder do Stereophonics, gosta de “histórias de transição entre duas fases da vida”. Entre infância e adolescência, ou entre adolescência e vida adulta. Ao menos é essa a impressão que fica quando ele fala sobre o “Graffiti on the train”, mais recente disco da banda do País de Gales.
O nome do álbum, segundo o músico conta em entrevista ao G1 por telefone, vem de um episódio ocorrido há poucos anos, quando ele ouviu passos no telhado de casa. Primeiro, pensou que fossem ladrões. Mais tarde, descobriu que eram jovens que usavam a residência como acesso a uma linha de trem. Queriam “grafitar” um vagão.
A partir daí, Jones compôs o que ele chama de “tragédia romântica”. Ela está contada na música que dá título ao CD. O evento rendeu ainda o roteiro de um filme, assunto que também interessa ao guitarrista e cantor. Ele estudou cinema na universidade.
Durante a conversa, faltou também de futebol e do “trauma” que Pelé causou nos torcedores do País de Gales. É que o primeiro gol do jogador em Copas do Mundo, em 1958, foi anotado justamente contra a seleção do país de Kelly Jones. Por outro lado, não quis falar muito de brit pop.

O Stereophonics lançou o disco de estreia em 1997, na esteira do "movimento" propagado por Oasis e Blur. A despeito disso, o cantor e guitarrista, autor de hits relativos, como "Dakota" e "Maybe tomorrow", não vê relação entre sua banda e as demais. A seguir, os principais trechos da entrevista.
G1 – Você tocou no casamento do Wayne Rooney. Gosta de futebol? Torce para o Manchester United?
Kelly Jones –
Toquei no dia seguinte ao casamento, sim. Mas sou torcedor do Leeds United. O Rooney é que é fã do Stereophonics. É um cara legal, frequenta os shows há bastante tempo.

G1 – Está animado com a Copa no Brasil?
Kelly Jones –
Sim. Quando era criança, tudo que eu gostava de fazer era assistir a fitas do Brasil e do Leeds United. Tenho dois irmãos mais velhos. Cresci vendo Zico, Sócrates, Pelé, vídeos que os mostravam jogando. Então, é fantástico que a Copa seja no Brasil.
G1 – Quem você prefere: Pelé ou Zico?
Kelly Jones –
Bem, Pelé tinha mais destaque, porque a última vez em que o País de Gales jogou uma Copa do Mundo foi em 1958. Nas quartas de final, pegamos o Brasil, que tinha Pelé com 17 anos de idade. Por muito tempo, não sabíamos se queríamos abraçá-lo ou matá-lo. Mas todo mundo o abraçou.
G1 – Falando do álbum novo. É verdade que o nome ‘Graffiti on the train’ foi inspirado num episódio em que você ouviu passos em cima do telhado da sua casa?
Kelly Jones –
Sim. Acho que foi no verão de 2010, aconteceu em algumas ocasiões de eu ouvir barulhos de passos sobre o meu telhado. Em princípio, achei que fossem uns caras que queriam invadir minha casa. Mas depois, ao falar com eles, percebi que eles só queriam chegar à linha do trem que fica atrás da minha casa para fazer um grafite. Aquilo ficou na minha cabeça durante alguns meses, e eu comecei a escrever sobre diferentes histórias e cenários que poderiam acontecer a partir disso. A música “Graffiti on the train” é sobre isso.

G1 – Você gosta de grafite?
Kelly Jones –
Sim, sou interessado em vários tipos de arte. Estudei cinema na universidade, trabalhei com outras formas de expressão também – sempre gostei de coisas da pop art. Mas não acho que o tema da música seja o próprio grafite. É sobre alguém correndo risco para deixar sua marca em algum lugar. Ele [o personagem da canção] escreve um grafite para pedir uma garota em casamento e cai de cima do trem, como uma tragédia romântica.

G1 – Acha que o incidente do telhado na sua casa poderia ter rendido um filme, além da música?
Kelly Jones –
Sim, até escrevi um roteiro nos últimos dois anos e também se chama “Graffiti on the train”. Mas ainda está em estágio de desenvolvimento. Eu estava compondo as músicas e o roteiro ao mesmo tempo. Se tudo der certo, espero que possa começar fazer alguma coisa com o roteiro no ano que vem. Vai ser incrível.
G1 – Já vi você dizer que a história de ‘Graffiti on the train’ é uma mistura do filme ‘Conta comigo’ com ‘Quadrophenia’, baseado na música do The Who. É isso mesmo?
Kelly Jones –
Na verdade, estava falando do roteiro. Acho que é muito mais uma história sobre transição entre fases da vida. Acho que “Quadrophenia” é sobre rebeldia versus normalidade, uma tentativa de se escapar do lugar do qual você vem. Já o “Conta comigo” – quando você de uma cidade muito pequena no País de Gales, como eu, você se identifica, cria uma conexão com aqueles personagens andando pelas montanhas, em busca de liberdade.

G1 – Qual a diferença entre o Stereophonics que agora lança o ‘Graffiti on the train’ e o do primeiro disco, de 1997? Vocês eram amigos de infância, não?
Kelly Jones –
Éramos realmente bastante amigos, tinha muita bebida, muita diversão. Tentávamos fazer os shows ser tão incríveis quanto possível (risos). Nada mudou, nesse sentido.    Bem, eu e Richard [baixista] ainda somos muito próximos. E os outros caras da banda estão com a gente há dez ou 15 anos. Além disso, cada álbum é uma jornada e uma experiência diferente. O primeiro álbum vai ser sempre o primeiro. Entre ele e o novo, há muitas diferenças e ao mesmo tempo muitas similaridades. Só que, musicalmente, temos muito mais experiência. Cada disco é reflexo da época em que foi feito, não é?
G1 – Em uma entrevista ao jornal ‘The Telegraph’, você falou que a banda concluiu que era hora de ‘apertar o pause’, e assim saiu o ‘Graffiti on the train’. Por que apertar pause?
Kelly Jones –
Nós estávamos em turnê pelos últimos 17 anos, fazendo um disco após o outro, sabe? Tentamos, agora, fazer um disco de um jeito diferente. Deixamos de fazer turnê por um ano, paramos com o caos e a correria da vida na estrada.  Quando você está com a cabeça “vazia”, jorra um monte de ideias. E o fato de não colocar uma data, mas ter disciplina para trabalhar diariamente, faz surgir um tipo diferente de música. Você precisa ser paciente para deixar a música crescer e respirar. Este disco novo tem isso de diferente.
G1 – Ouvi dizer que você tem outro roteiro, ‘The pool’. A história é sobre o quê?
Kelly Jones –
É sobre três garotas crescendo numa cidadezinha no sul do País de Gales lidando com o fato de serem adolescentes. Estou escrevendo este roteiro faz uns 15, 20 anos. Tem a ver com a história da minha vida, eu tenho duas filhas também. O filme é algo que, definitivamente, vamos fazer em algum momento, espero. É uma história sobre transição.
G1 – É verdade que você queria Rhys Ifans no filme?
Kelly Jones –
Sim. Rhys é um amigo. Se eu fizer um filme, eu gostaria que ele estrelasse.
G1 – Muitos anos atrás, você escreveu uma música, ‘Mr writer’, sobre um jornalista. Desde então, mudou a impressão que você tem dos jornalistas?
Kelly Jones –
A música é sobre um único jornalista, uma pessoa em particular, um incidente em particular – ele se comportou mal conosco, e nós respondemos. E aquilo aconteceu 12 anos atrás. Faço dez ou 15 entrevistas por dia com jornalistas do mundo todo, e não tenho problema com nenhum deles.

G1

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