sexta-feira, 12 de julho de 2013

Fracasso de 'O Cavaleiro Solitário' expõe riscos de megaproduções de Hollywood


Dois dos filmes mais caros da (ainda mais) megalomaníaca Hollywood estreiam no Brasil em situações opostas.
Enquanto a Warner respira aliviada com os números da reinvenção do Superman em "O Homem de Aço", que custou US$ 225 milhões (R$ 508,5 milhões) e teve uma campanha de marketing estimada em US$ 150 milhões, a Disney sofre com "O Cavaleiro Solitário", dono de um orçamento de US$ 250 milhões, mas que fracassou na estreia, faturando US$ 29 milhões no fim de semana.


É a nova era dos megablockbusters, filmes levantados por valores acima dos US$ 200 milhões e que precisam render quase US$ 1 bilhão para cobrir as despesas.

Editoria de Arte/Folhapress
Para se ter uma ideia, somente de maio a julho os estúdios lançaram 13 filmes com custos acima dos US$ 100 milhões, 44% a mais do que o mesmo período em 2012.
A iniciativa dos grandes estúdios segue uma lógica: com a importância do mercado global, onde o 3D e a ação atraem multidões, eles tendem a transformar seus arrasa-quarteirões em "arrasa-cidades".
Caso de "O Homem de Aço", que já rendeu quase US$ 600 milhões com um fiapo de roteiro, mas com pancadaria, efeitos especiais e destruição em massa.
"A estratégia dos estúdios é coerente", conta Michael Nathanson, um analista de Wall Street, ao "New York Times". "Eles estão fazendo menos filmes e controlando os custos para estabilizar a indústria."
Já o diretor Steven Soderbergh ("Onze Homens e Um Segredo"), que anunciou sua aposentadoria após dificuldades para financiar seus filmes, diz que "o cinema está sob ataque dos estúdios".
Ele não está sozinho. David Lynch, Jim Jarmusch e Francis Ford Coppola precisam de alternativas para filmar.
"Meu país está virando uma terra árida de histórias", conta à Folha o diretor Jeff Nichols, de "Mud", um dos sucessos do cinema independente em 2013, com US$ 20 milhões arrecadados nos EUA --mais que o dobro do orçamento de US$ 8 milhões.
A fórmula do "quanto mais, melhor", no entanto, não é certeira, como provou "O Cavaleiro Solitário", que deve gerar um prejuízo de US$ 190 milhões à Disney após um descontrole orçamentário por parte do diretor Gore Verbinski.
O cineasta Roland Emmerich ("Independence Day") viu seu "O Ataque", uma espécie de "Duro de Matar" de US$ 150 milhões passado na Casa Branca, naufragar com US$ 53 milhões de renda.
"Depois da Terra" (US$ 130 milhões), com Will Smith, não alcançou os US$ 60 milhões.
Um novo capítulo tomará forma com a estreia hoje, nos EUA, de "Círculo de Fogo", filme de robôs versus monstros de US$ 180 milhões, que, de acordo com uma pesquisa de mercado, renderia abaixo de "Gente Grande 2", comédia de Adam Sandler.
"Nossos números estão subindo de forma significante. Estamos no caminho certo", escreveu o diretor Guillermo Del Toro, sem saber se esse caminho tem saída.

Folha de S. Paulo

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