O ex-ministro chinês das Ferrovias Liu Zhijun foi
condenado nesta segunda-feira à morte com suspensão condicional da pena,
que em geral é comutada para prisão perpétua, no primeiro grande
processo anticorrupção da presidência de Xi Jinping.
Liu Zhijun, cuja administração abalou profundamente a
imagem da direção das ferrovias chinesas, até então elogiadas pelo
rápido desenvolvimento, foi condenado por um tribunal de Pequim por
corrupção e abuso de poder.
"Liu Zhijun foi condenado à morte com período de
suspensão da pena de dois anos por corrupção, além de 10 anos de prisão
por abuso de poder", declarou à AFP uma fonte judicial. O tribunal
também determinou o confisco de todos os bens do condenado. A televisão
estatal exibiu imagens do ex-ministro, impassível durante o anúncio da
pena.
O grande escândalo que envolveu Zhijun atingiu o valor
de 800 milhões de yuanes (US$ 129,5 milhões). Liu Zhijun foi acusado de
ter recebido 64,6 milhões de yuanes de subornos de 1986 a 2011 em troca
de promoções ou concessões de contratos. A lei chinesa prevê pena
capital para infrações a partir de 100 mil yuanes.
Liu Zhijun foi nomeado em 2003 para o ministério das
Ferrovias. Perdeu o cargo em 2011 e, em novembro de 2012, as funções no
Partido Comunista Chinês (PCC). A justiça chinesa considerou que ele
provocou "um prejuízo considerável ao bem público, ao interesse do
Estado e ao povo".
Desde que assumiu a presidência do país em março, Xi
Jinping se comprometeu a combater a corrupção em todos os níveis do
governo, um flagelo que, segundo ele, ameaça o futuro do partido único. O
presidente prometeu que a repressão afetaria "as moscas e os tigres",
ou seja, os quadros pequenos e os dirigentes.
A luta contra os subornos é citada todos os anos como
uma prioridade do governo chinês, em particular a cada vez que uma nova
geração assume o poder, sem que na prática o país organize uma "operação
mãos limpas".
A China deve organizar em uma data não divulgada o
processo do ex-dirigente Bo Xilai, centro do maior escândalo na cúpula
do poder chinês em muitos anos. Para alguns internautas, no entanto, a
condenação de Liu foi muito clemente.
A China gastou centenas de milhões de dólares desde 2007
para construir a maior rede ferroviária do mundo, o que inclui a mais
extensa linha de trem de alta velocidade do planeta, o eixo
Pequim-Cantão, inaugurada no fim de 2012. Mas a reputação foi afetada
pela colisão de dois trens de alta velocidade em um acidente que matou
40 pessoas em 23 de julho de 2011 perto de Wenzhou (leste).
Após o acidente e o escândalo Liu, o ministério das
Ferrovias foi desmantelado em março e integrado ao ministério dos
Transportes.
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