Conheça dez jovens que mobilizaram milhares de pessoas nos protestos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília
Embora não haja uma liderança centralizada nas manifestações que ocorrem em todo País, jovens, líderes por natureza, ganham projeção ao participar ativamente das negociações com governos e polícia. Protagonistas das convocações desses atos, eles se destacam ao usar as redes sociais para convencer as pessoas a ganharem as ruas.Traço comum é a descrença na atuação política dentro dos partidos e nas instâncias de poder como meio para se garantir direitos. Esses jovens custam a se identificar com os atuais governantes, parlamentares, partidos políticos e organizações da sociedade civil nas esferas federal, estaduais e municipais.
São Paulo
Conheça integrantes do MPL que atraiu milhares às ruas e milhões para a causa
Apesar do Movimento Passe Livre não ter hierarquia, alguns jovens se destacam nas manifestações na capital paulista. Saiba quem são eles
Criado em 2005, o Movimento Passe Livre (MPL) faz
militância pela tarifa zero no transporte público e cresce a cada
reajuste desde então. Não há hierarquia para garantir voz a todos que
queiram discutir o tema, mas cerca de 40 pessoas organizam o grupo. O
iG
escolheu quatro para retratar as pessoas que estão à frente da
organização que levou milhares às ruas e milhões para a causa.São eles:
Matheus Nordon Preis, de 19 anos, estudante de Ciências Sociais
Aos 19 anos, Matheus Preis é da segunda geração
do MPL. Ele tinha apenas 11 anos quando o movimento nasceu no Fórum
Social Mundial de Porto Alegre, em 2005. Começou a participar das
manifestações quando integrava o grêmio estudantil do colégio onde
estudava e pouco tempo depois foi aceito como integrante do coletivo que
define os rumos do MPL.
Nas manifestações, ele é o responsável por informar à
Polícia Militar os trajetos dos protestos. Munido de um rádio
transmissor de curta distância e de um telefone celular, ele vai até o
comando do policiamento momentos antes do início da saída da marcha, se
comunica com os colegas que votam na hora qual trajeto será seguido e
informa a decisão aos policiais.Nem sempre o plano dá certo. Foi o que aconteceu no 6º ato contra o aumento das passagens, terça-feira (18). O rádio falhou, a rede de celular ficou congestionada e Matheus não conseguia se comunicar com o restante do grupo. Foram 20 minutos de apreensão por parte de Matheus e da PM, que o seguia por toda parte entre milhares de manifestantes na Praça da Sé.
iG acompanhou Matheus durante negociação com a Polícia Militar:
Quando o sistema de comunicação voltou a
funcionar já era tarde demais. O protesto tinha se dividido em três
grupos e se espalhado pela cidade. “Perdemos o controle”, admitiu ele às
18h10. Segundo interlocutores de Matheus na PM, ele impressiona pela
calma e maturidade.
“É um excelente garoto. Sabe exatamente o que
está fazendo. Não se desespera, é muito firme nas suas posições, mas
nunca demonstra agressividade”, disse um oficial. A exemplo de outros
representantes do MPL, Matheus evita falar sobre sua vida pessoal. “Já
tive problemas por causa disso”, justificou.
Apesar da pouca idade, ele demonstra maturidade política e
experiência em manifestações. No ato de terça-feira, ao saber que um
grupo de radicais estava na frente da prefeitura, ele e Nina Capello
traçaram uma estratégia: “limpar” a sede do executivo municipal fazendo
uma espécie de “arrastão”.
Quando atravessava o Largo do Patriarca,
Matheus puxou o grito “vem, vem pra rua vem” e seguiu rumo ao Teatro
Municipal levando consigo grande parte dos manifestantes e esvaziando a
aglomeração em frente à prefeitura. No caminho rumo à rua da Consolação,
ele perguntava se a estratégia havia funcionado. Infelizmente um
pequeno grupo permaneceu na prefeitura e protagonizou cenas de
violência.
Mayara Vivian, de 23 anos, estudante de Geografia e garçonete
O rosto mais visível e presente do MPL.
Paulistana, Mayara é estudante do curso de geografia da Universidade de
São Paulo (USP) e trabalha como garçonete em um bar na Vila Madalena, na
zona oeste. A jovem evita falar de sua vida pessoal e rejeita
categoricamente o cargo de líder do movimento, menção que ganhou da
imprensa após seis protestos comandados pelo grupo em São Paulo. “Uma
coisa é você ser referência, outra coisa é ser liderança”, disse em uma
das coletivas que participou.
Embora os integrantes defendam que o MPL é um
grupo horizontal - onde “todos têm poder igual de participação” - não é
errado associar Mayara como integrante do ‘alto escalão’ do movimento.
Presente nos principais desdobramentos dos atos, como reuniões com o
secretário de Segurança Pública e o prefeito de São Paulo e coletivas de
imprensa, a estudante é claramente respeitada pelos demais
companheiros.
Durante a reunião extraordinária com o Conselho
da Cidade, na última terça-feira, por exemplo, quatro jovens do grupo
tiveram o período de 30 minutos para compartilhar os objetivos do grupo.
O discurso de Mayara foi o único que arrancou aplausos e manifestações
dos mais de 100 líderes sociais que acompanhavam o evento.
Líder nata, a jovem destacou-se pelo seu tom forte,
agressivo e impaciência. A voz rouca, na ocasião já gasta em outros
quatro levantes, não foi um problema. “A revogação é para agora,
Haddad”, dizia. Em diversos momentos, ainda na reunião do conselho, a
jovem foi repreendida pela socióloga da USP Marilena Chauí que a chamava
de “mocinha autoritária”.A crítica veio após inúmeras interrupções que Mayara provocou durante a fala de Haddad, que explicava os fatores que formavam a tarifa do transporte. “Haddad, o que isso tem a ver com o que queremos? Revoga ou não revoga?”, questionava em alto volume causando mal estar entre os presentes. O prefeito então pediu calma. “Mocinha, não! Mayara!”, rebateu a jovem. E ouviu de volta: “Escutar também faz parte da democracia”, encerrou Marilena.
Lucas Monteiro de Oliveira, de 29 anos, professor
Nos anos 1990, era um adolescente quando a esquerda
brasileira protestava contra a Área de Livre Comércio das Américas
(Alca) e começou ali sua militância. No ensino médio passou a atuar no
Centro de Mídia Independente e quando o Movimento Passe Livre foi
criado, em 2005, ele era um dos fundadores mais experientes, embora
tivesse apenas 20 anos.
Agora, com 29 anos, dá aulas em um colégio
particular no Paraíso e faz mestrado na Universidade de São Paulo (USP),
mesmo local em que se graduou em História. Apesar da deliberação por
não haver comando no movimento, é um dos principais responsáveis pelo
material final de divulgação e redação de artigos com opiniões da
organização.
Paulistano, diz que conheceu boa parte da
cidade em protesto. “São Paulo tem muita coisa interessante, eu por
exemplo gosto muito dos museus, mas a população é excluída da cultura da
cidade. Essa é a nossa causa”, diz. “Hoje o que eu mais gosto em São
Paulo é do povo que acabou de ganhar essa conquista.”
Nina Capello Marcondes, de 23 anos, estudante de Direito
Foi a liderança escolhida pelo Passe Livre para encontrar
o prefeito Fernando Haddad na primeira reunião. Também esteve ao lado
de Lucas no programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar ao vivo em
plena segunda-feira, quando o movimento ganhou a simpatia da maior parte
da população e levou mais de 60 mil pessoas para a rua sem sofrer
repressão policial.É estudante de Direito no Largo São Francisco, Faculdade da USP, no Centro Histórico de São Paulo e local que historicamente abriga manifestações do Passe Livre.
Em Brasília
Jovem de 17 anos mobilizou mais de 10 mil pessoas
Aluno de escola pública, Jimmy reuniu
participantes por meio das redes sociais e foi junto com a mãe, uma
ex-cara-pintada, ao protesto que ocupou a laje do Congresso Nacional
A manifestação que tomou na noite da última segunda-feira
toda a área externa do Congresso Nacional e o ato que ocupou as
imediações do Estádio Mané Garrincha no fim de semana ocorreram em
grande parte graças à mobilização de um jovem de apenas 17 anos.
Estudante secundarista, Jimmy Carreiro Lima foi um dos principais
líderes do protesto que chamou pelas redes sociais cerca de 10 mil
pessoas que participaram da passeata e da concentração no Congresso.
Jimmy tem a fala calma, cabelos longos e está no segundo
ano do ensino médio. Ele estuda no Centro de Ensino do Setor Leste,
considerado a melhor escola pública do Distrito Federal. No ano que vem,
pretende cursar Psicologia na Universidade de Brasília (UnB). Sua
atividade política teve início no grêmio estudantil logo quando chegou à
escola pública.“Ele fez o ensino fundamental na escola particular, onde não tinha nada disso. Depois, eu o matriculei na escola pública onde ele passou a fazer parte do grêmio estudantil. Foi aí que eu identifiquei no meu filho uma grande liderança”, disse a mãe de Jimmy, Janaína de Morais Carreiro, que acompanhou o filho em todo protesto da última segunda-feira.
Antes do início da passeata que terminou no Congresso, sua grande preocupação era em ter certeza de que o protesto seria totalmente pacífico. “Se houver alguém com bandeira de partidos políticos, não vamos hostilizar. Vamos pedir para guardarem as bandeiras e continuarem na manifestação”, disse.
Flores
Jimmy conta que decidiu chamar o protesto pela
internet depois de ver as imagens dos confrontos com a polícia nas
primeiras manifestações em São Paulo. “Aquilo me deixou chocado”,
afirmou o jovem. “Aqui em Brasília, cantamos o hino nacional de joelhos,
oferecemos flores e, mesmo assim, os policiais jogaram bombas, gás de
pimenta e atiraram com balas de borracha”, reclamou. “Eles (os partidos)
podem participar, mas não nos representam”, disse. “A gente elege quem
vai nos representar, mas quando essa pessoa que a gente elegeu chega ao
poder, se esquece de ouvir o povo”, disse Jimmy. “O que queremos é
demonstrar um protesto pacífico”, ressaltou.
A mãe de Jimmy tem 37 anos e disse ter levado um susto com a manifestação no sábado, bem na hora da abertura da Copa das Confederações. Mesmo assim, não deixou de apoiar o filho.
Separada do pai de Jimmy, precisou explicar o
apoio. “Quando o pai dele viu o noticiário me ligou perguntando se eu
sabia onde estava nosso filho. Disse que sim. Apavorado, ele disse que
nosso filho poderia ficar cego, caso uma bala de borracha o atingisse no
olho. Eu respondi que era um risco e que ele estava ciente disso. Não
tenho como segurar um jovem de 17 anos com toda essa vontade dentro de
casa”, disse Janaína, ao mesmo tempo, em que ajudava nas negociações com
a polícia.
Janaína ajudou na organização de todo o
protesto. “Eu sou da organização. Eu sou a mãe do Jimmy”, repetia, ao
negociar com policiais de trânsito o percurso da manifestação. O
policial respondeu: “Eu entendo a preocupação da senhora e quero lhe
assegurar que nossa orientação é dar segurança. Por isso, queremos que
os manifestantes ocupem só uma faixa da pista”, disse o policial.
“Não podia proibir meu filho de fazer isso. Seria contra
tudo que acredito”, disse Janaína, que se orgulha de ter sido
“cara-pintada” em 1992, na série de manifestações que pediam o
impeachment do então presidente da República, Fernando Collor de Mello.Porto Alegre
Lideranças são jovens, universitários e militantes experientes
Dois dos mais atuantes estudam na Federal do Rio Grande do Sul, conhecem detalhes da tarifação do transporte e têm outras bandeiras
“A gente aqui se vê como um espelho para o restante do
País”, diz Nathália Bittencurt, uma das mais assíduas e engajadas
manifestantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público, como se chama o
movimento pela redução da passagem em Porto Alegre. Presidente do
Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), 22 anos, militante desde o ensino médio, ela é um
exemplo do perfil dos jovens que puxam os protestos na capital gaúcha.
O Bloco não tem lideranças definidas, mas
agrega outras entidades que têm, como é o caso do DCE. “A gente ajuda na
mobilização, no material, vai nas escolas. O diretório tem bastante
protagonismo nessa causa”, comenta Nathália. Ela mesma foi a todas as
assembleias, exceto uma, quando esteve em São Paulo, na semana passada,
apoiando a causa dos manifestantes paulistanos.
Estudante do Dom João Becker, colégio estadual
tradicional, ela começou a militar quando era do grêmio contra a então
governadora Yeda Crusius (PSDB). Agora faz o 4º semestre de jornalismo
na UFRGS e é bolsista de iniciação científica. Solteira, gasta a maior
parte do tempo livre com os colegas da universidade e militância. “Fora
isso, eu diria passear no parque”, afirma.
Também entre os mais ativos está Lucas Maróstica, 22
anos, que cursa Ciências Sociais na mesma Federal do Rio Grande do Sul
e, paralelamente, Jornalismo na PUC-RS e faz estágio na Câmara Municipal
de Porto Alegre. Ele é líder do Coletivo Juntos, fundado em 2011, que
tem o transporte público entre as principais causas. Homossexual,
começou a militância dentro da PUC por democracia universitária, passou
para os direitos gays e hoje também acompanha de perto questões
ambientais.
Ambos não têm influência familiar política, mas
recebem apoio em suas decisões. Ele começou a se engajar depois que
deixou a casa dos pais em Guaporé e foi morar na capital. Nathália é
órfã de mãe e o pai não se envolve. “Meu irmão também é universitário,
mas não participa.”
Os jovens acompanham com entusiasmo o momento
de gigantismo das manifestações. “Existe muita coisa no Brasil que está
errada e a gente fica indignado. Como aceitar que Renan e Sarney foram
presidentes da república (em exercício) nos últimos dois anos e Marco
Feliciano preside a Comissão de Direitos Humanos?”, questiona Lucas.
Eles acham positivas as causas que atraíram para os protestos mais
pessoas. “Acho ótimo que existam outras reivindicações. Dificilmente a
gente consegue ganhar bastante pessoas para ir para as ruas e há outras
questões que precisariam. As pessoas não estão trazendo temas
contraditórios, quem quer que baixe a tarifa também é contra os gastos
absurdos da Copa e o Feliciano”, diz Nathália.
Belo Horizonte
Estudantes que se destacam nos protestos já são alvo de assédio
Apesar de resistirem à ideia de serem considerados líderes de um movimento, estudantes mineiros já recusaram convites de partidos para se filiarem
A resistência em apontar líderes dos protestos em Belo
Horizonte é grande e está presente em todos os discursos feitos pelos
jovens, na maioria sem filiação partidária, mas que comparecem ao
viaduto Santa Teresa, no centro da capital mineira, para as assembleias
populares que chegam a durar mais de cinco horas. No entanto, em meio
aos discursos, os líderes acabam surgindo.
O estudante de Ciências Sociais da Pontifícia
Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais Eduardo Gontijo é um dos
participantes e rejeita o título de líder, apesar de já ter sido
convidado para se filiar a um leque de partidos como PSDB, PT e PHS.
“Sou apenas um participante do movimento. Aqui, o líder é
a assembleia popular. Somos líderes quando estamos discursando e somos
ouvidos. Mas na última assembleia, tivemos a participação de 500 pessoas
e 100 discursos”, ressalvou, apesar de admitir uma certa simpatia por
partidos “de esquerda”. O estudante faz questão de pedir inclusive que
sua foto não seja divulgada. “Divulgue a foto a assembleia. É melhor”,
apelou.Gontijo tem 20 anos, mora com os pais e não acredita nos partidos e nem no Estado, da forma como estão hoje estruturados. "Na teoria, o Estado é uma maravilha, mas na prática, é criminoso, na medida em que não respeita o cidadão. Temos um Estado que agride as pessoas e seus direitos que estão garantidos na Constituição Federal”, disse o estudante.
Da mesma forma funcionam os partidos, na
opinião de Gontijo. “Os partidos são democráticos na teoria. Mas a gente
sabe que estão sempre a serviço de uma cúpula, de caciques e a
militância é sempre uma massa de manobra dessa cúpula”, destacou.
Esse “desapontamento” com a estrutura
partidária, na avaliação de Gontijo, não é presente somente no
pensamento dos mais jovens, que não experimentaram o período ditatorial.
“Tenho muitos amigos desapontados e também conheço muita
gente ‘velha de guerra’ que também está desapontada com tudo isso”, diz.
O motivo apontado por Gontijo para estar nas manifestações é a luta por
direitos, da forma mais ampla possível. “A democracia está mudando o
seu perfil. Acho que quem criou não esperava por isso. Hoje a luta é
para garantir o direitos de ser diferente. Por isso não dá mais para
aceitar o nazismo, o fascismo, a homofobia, por exemplo”, destacou.
Erro
Já o estudante de Ciências Sociais da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Jorge Afonso Maia Mairink
(21) pode ser considerado uma exceção quando a questão é a defesa do
apartidarismo. Atuante na organização das passeatas, ele é coordenador
do Diretório Central dos Estudantes (DCE), participa do movimento
estudantil organizado e é filiado ao PT.
“Considero um erro sem tamanho que parte dos
manifestantes não admita a organização por meio de partido ou
instituições. Para mim, não há democracia sem partido. A última vez que
acabaram com os partidos no Brasil foi na ditadura”, lembrou Jorge
Afonso, referindo ao Ato Institucional Numero Dois, ou AI-2.
Além de extinguir partidos políticos, o AI-2 abriu
processos de cassação de mandatos das pessoas que haviam sido eleitas,
tornou indireta a eleição para Presidência da República e permitiu que o
Poder Executivo interviesse no Poder Judiciário, fazendo com que os
julgamentos das ações dos golpistas deixassem de ser competência da
justiça civil.“As pessoas filiadas aos partidos políticos estão sim participando das passeatas e sempre participarão. Além disso, não é só agora. Desde que cheguei aqui, há três anos, todo ano, em dezembro, quando os contratos de transporte público são reajustados, a gente foi pra rua protestar. Fizemos isso enquanto muitos estavam preocupados com outras coisas próprias do final do ano”, destacou Jorge Afonso, que é de Montes Claros, e mora em uma república em Belo Horizonte. Seu trabalho é como monitor na própria universidade, mas o dinheiro que recebe não é suficiente para seu sustento. Mesmo morando fora, ele ainda depende dos pais.
Para a passeata desta quinta-feira, os estudantes da UFMG decidiram agregar as reclamações do cotidiano da universidade. “Estamos sofrendo um ataque diário às nossas liberdades individuais. A reitoria proibiu festas, tem fotografado e filmado as pessoas sob ameaça de abrir contra elas processos administrativos, não tem admitido “aglomerações” e frequentemente permite a entra da Polícia Militar no Campus. Queremos reclamar disso”, contou Jorge Afonso, antes de entrar na assembleia que seria coordenada por ele com os estudantes.
Rio de Janeiro
Envolvido na organização de protestos diz não acreditar em políticos
‘Não nos representa’ é a frase repetida pelo estudante Juliander Oliveira para expressar sua insatisfação
No Rio de Janeiro, o estudante de relações internacionais
Juliander Oliveira, 20 anos, tem se destacado nas passeatas, mesmo
diante da pulverização de pautas e reivindicações. A rejeição aos
partidos é uma tônica do discurso de Juliander. “Não nos representa”,
repete como mantra, tanto nas manifestações quanto nas conversas
informais.
“Acho que dessa vez eles (os partidos) não nos
representam. O povo foi às ruas por insatisfação em relação a todos os
governantes e de diversos partidos”, argumenta. “O que me moveu a
participar das manifestações foi a oportunidade de dar um basta em todas
as besteiras que o governo tem feito com a população. Não foi o aumento
das passagens que levou 250 mil para as ruas na segunda-feira. Foi a
insatisfação com todas as medidas tomadas nos últimos 10 anos”,
argumentou Juliander, morador da zona norte do Rio de Janeiro.
Juliander não se considera um líder do movimento. “Só
estou ajudando a atualizar a página”, justifica o estudante que, em sua
página nas redes sociais, se relaciona com mais de 750 pessoas.
Embora não haja um comando unificado das
manifestações no Rio de Janeiro, característica que também se observa em
muitas outras manifestações no país, em uma reunião na terça-feira,
entre militantes de direitos humanos, alguns jovens que têm puxado os
protestos nas redes sociais e até pessoas que atuam em partidos chegaram
a um acordo para mudar o alvo dos protestos.
Em vez de protestarem contra o Poder Legislativo, como
ocorreu na última segunda-feira, as manifestações no Rio nesta
quinta-feira se voltaram para o Palácio da Guanabara, sede dogoverno estadual, e a Prefeitura da capital.
“A decisão de focar no Executivo resultou de uma das primeiras reuniões de lideranças do movimento. O resultado disso já é uma postura firmada no diálogo com as instituições defensoras de direitos humanos, formada principalmente por pessoas filiadas aos partidos”, explicou Fransérgio Goulart, professor de história também engajado nas manifestações.
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